Várias teorias irão surgir na tentativa de desvendar o que está por trás da violência nas escolas. Diante da tragédia que isso representa, é preciso que, mais do que teorias, surjam respostas para estancar de vez, com a máxima urgência, acontecimentos dessa gravidade.
Não há violência maior do que qualquer uma que seja praticada contra crianças. Não apenas nas escolas, mas em qualquer lugar ou ambiente.
Entre os incontáveis artigos que temos publicado, já nos referimos a outra violência inadmissível, que é a prática de espancamento como suposto meio de disciplinar ou de educar crianças.
Escrevemos e divulgamos artigos quando, por exemplo, algumas pessoas começaram a fazer críticas à chamada lei da palmada, mediante o absurdo de que os pais teriam um suposto (e inadmissível) direito de espancar os filhos.
“O filho é meu e eu educo como eu quiser”, era o abominável discurso de alguns pais, numa dupla demonstração de equívoco e de ignorância.
Começa pela frase que reduz os filhos a uma propriedade. Os filhos não pertencem aos pais, embora tenham – ou não – sido gerados, biologicamente, por eles.
O outro equívoco é tão simples como esse para que se possa explicar. E só não o entende ou não concorda quem é detentor de uma ignorância que ultrapassa todos os limites da irracionalidade.
Por ocasião dessas publicações, observamos que há leis que protegem negros, homossexuais, mulheres e animais de violência. São leis justíssimas, aprovadas pelo que ainda resta de humanidade no mundo.
Bem ou mal, negros, homossexuais, mulheres e animais têm uma capacidade de defesa maior do que as crianças. Ou até de revidar essas agressões. E a irracionalidade se agiganta quando percebemos que essas pessoas são contrárias, exatamente, à proteção do ser mais indefeso, tanto do ponto de vista físico, como mental, psicológico e emocional, como é o caso das crianças.
Mas não vamos nos alongar nesse aspecto, porque o contexto, no presente artigo, é analisar o que está por trás da violência nas escolas e encontrar uma solução para impedir que tragédias como essas continuem ocorrendo.
Oportunamente, publicaremos esses artigos neste nosso site, como mais uma contribuição para o debate sobre tudo o que está por trás da violência nas escolas.
O que pode estar por trás da monstruosa violência nas escolas
A sanha armamentista que assola o mundo estaria sendo um dos fatores que estão por trás do que está acontecendo nas escolas. Mas, será que não existem inúmeras outras causas e intenções escusas?
Nem é preciso lembrar que os Estados Unidos já figuraram, por várias vezes, em manchetes sobre massacres que acontecem nas escolas daquele país, onde se compra arma até em lojinha de bairro.
A tentativa do presidente Joe Biden de impor critérios mais rigorosos que ponham fim a essa liberalidade tem esbarrado na oposição dos armamentistas do Partido Republicano.
Padecem eles do mal do sofisma que também contamina os armamentistas brasileiros em defesa dessa liberalidade, como se armas vendidas sem controle não pudessem parar nas mãos de quadrilhas e de bandidos da pior espécie.
Não apenas podem como estão, comprovadamente, sendo obtidas por eles.
Somem-se a isso os desvios de finalidade das armas liberadas, desordenadamente, a pretexto de beneficiar colecionadores, atiradores desportivos e caçadores (os chamados CACs), que acabam tendo maior facilidade para usar os armamentos para outros fins e até para vendê-los.
Em depoimento no Congresso neste mês de abril, ao contestar os argumentos de quem defende a liberalização de armas, o ministro da Justiça lembrou que exatamente Estados Unidos e Brasil figuram nas manchetes que mostram o horror que vem acontecendo nas escolas dos dois países.
Seria mera coincidência? Ou é consequência lógica de quem vê arma como algo natural para ser distribuído sem controle, de quem não se importa com o triste destino de crianças inocentes e de quem atende ao lobby da indústria das armas?
Será que fazem isso de graça? Será que o armamentismo desenfreado também não está por trás da violência nas escolas?
Teorias sobre o que está por trás da violência nas escolas
Entre as várias interpretações que começam a surgir em relação a esses trágicos acontecimentos, além do fato de eles resultarem dessa falta de controle dos armamentos, há quem veja um plano intencional cuja finalidade seria a de tentar justificar (como se fosse aceitável) ainda mais armamento nas mãos de todo mundo.
Em vez de se dedicarem ao ensino, o que é sua função, professores passariam a ser convocados para essa ação contra os invasores, aprendendo a usar armamento para defenderem as escolas e os alunos, os funcionários e os demais trabalhadores da rede de ensino.
Além disso, estaríamos diante de uma ação deliberada para fortalecer a tese de militarização das escolas. E para justificar a presença de verdadeiros batalhões de policiais nos centros de ensino.
Em recente artigo, a educadora Andrea Serpa identifica a onda de ataques nas escolas como um projeto nazifascista para disseminar o medo e o ódio em sociedade.
“Não é obra do acaso”, diz ela. “Quanto mais medo e ódio produzem, mais seu projeto nazifascista vence”.
E prossegue, referindo-se aos apelos por policiamento armado nas escolas:
“Daí é um passo para a população exigir polícia dentro da escola e finalmente: que a própria escola seja militarizada”.
Andrea Serpa diz que a própria forma como as crianças foram brutalmente assassinadas é um aviso:
“Quem estuda história sabe. A estratégia é velha e sedutora porque mexe com sentimentos muito profundos em nós: de preservação. Atacar as crianças com uma machadinha não é aleatório, quer mandar um recado direto: ‘não adianta proibirem as armas, nós vamos machucar vocês do mesmo jeito, ninguém está a salvo!”
O mundo todo afetado pela barbárie
Infelizmente, a violência nas escolas é um problema global, que afeta muitos países. O Brasil não está sozinho nesse cenário de extremo horror e covardia.
Existem vários fatores que podem contribuir para esse tipo de violência, incluindo a desigualdade social, a falta de investimento em educação e em segurança pública, o acesso fácil a armas de fogo, o bullying e o cyberbullying, a violência doméstica e familiar, entre outros.
Destacamos aqui o enorme potencial danoso do bullying. Essa prática criminosa faz desmoronar o que ainda possa restar de autoestima em pessoas eventualmente já massacradas e deprimidas.
E também tem o poder de aniquilar algo que todos os seres humanos têm por natureza: a necessidade de serem acolhidos e de terem a chance de se tornarem vitoriosos.
Todas as pessoas, indistintamente, têm algum potencial como seres humanos, por mais simples que eles sejam.
E é preciso que lhes seja oferecida a oportunidade de cultivarem e de aperfeiçoarem e engrandecerem esse potencial.
Ele pode estar na música, na pintura, no canto, no balé, nos esportes, nas artes plásticas.
Brasília é um (mau) exemplo de quanto isso foi destroçado na ditadura militar.
Os idealizadores de Brasília planejaram a construção de uma Escola Parque para cada grupo de quatro escolas classe das áreas próximas.
Nas escolas classe os alunos aprenderiam as disciplinas curriculares. E nas escolas parque se dedicariam exatamente à prática dessas atividades acima citadas, que representam um benefício inestimável para a construção de mentes saudáveis.
Mas esse projeto foi abandonado, e apenas duas escolas parque foram construídas. E a elas nem se dá importância como na época em que foram idealizadas.
Quem conhece as comunidades da chamada periferia sabe o quanto os movimentos de bairro que acolhem crianças e adolescentes para a prática de esportes e de música, para citar apenas dois (bons) exemplos, contribuem para afastar os índices de desvios para a marginalidade a partir desse trabalho comunitário.
Mas a tal da humanidade está se desumanizando, e esse pode ser um projeto ao (mau) estilo de agir conforme denunciado pela educadora Andrea Serpa, de fomentar o medo e o ódio, com potencial destruidor de mentes e de consciências que deveriam ser canalizadas para o bem verdadeiro.
Ao contrário disso, o que se vê são falsos homens de bem que se valem até de religiões para roubar e para destruir corações e mentes.
E que, costumeiramente, são flagrados em práticas criminosas ou reveladoras da real falta de caráter, escondidos na clandestinidade.
Os pais têm um múltiplo papel na preservação do bem-estar mental dos filhos.
Precisam acolhê-los, neutralizar os efeitos intencionalmente danosos por parte de quem pratica bullying, ajudá-los a encontrar suas potencialidades e incentivá-los para a prática de atividades saudáveis, como esportes e artes em suas várias modalidades.
Realidade do mundo atual exige reflexão
Além do Brasil, outros países também têm enfrentado episódios de violência nas escolas. Em muitos desses casos, esses ataques resultam em assassinatos de crianças e de jovens.
Seguem alguns dos que foram noticiados, entre os inúmeros ocorridos:
Os Estados Unidos têm sido afetados por vários tiroteios em escolas nos últimos anos, como o massacre na escola Sandy Hook em 2012, o tiroteio em Parkland em 2018 (com 17 mortos e 17 feridos), e o ocorrido na escola secundária de Santa Fe, também em 2018, com dez vítimas fatais. E ainda o ataque à Escola Secundária de Marjory Stoneman Douglas, em 2019, que deixou 17 mortos.
Em janeiro de 2017, no México, um menino de 15 anos matou uma professora e feriu quatro outros alunos em uma escola no estado de Nuevo León. Em 2019, ocorreu um ataque a uma escola em Torreón, que deixou dois mortos e seis feridos.
Em 2018, na China, um homem invadiu uma escola primária na cidade de Xicheng e esfaqueou 20 crianças.
Em 2018, na Rússia, um adolescente abriu fogo em uma escola na cidade de Kertch, matando 20 pessoas e ferindo mais de 50. Em 2021, houve um ataque a uma escola em Kazan, que deixou nove mortos (sete alunos e dois professores).
Em 2020, na Alemanha, um homem matou nove pessoas em dois bares de narguilé em Hanau e, em seguida, matou a mãe e se suicidou. Ele tinha ligações com grupos de extrema-direita e havia deixado um manifesto racista.
Em 2020, houve um ataque a uma escola em Kumba, Camarões, que resultou em sete alunos mortos.
Em 2018, houve um ataque a uma escola em Kerch, na Crimeia, que deixou 21 mortos e mais de 40 feridos.
Obviamente, esses são apenas alguns casos, entre inúmeros, que acontecem no mundo todo.
Nos reservamos o direito de não nos estendermos sobre todos esses acontecimentos trágicos, pois nosso objetivo não é o de fazer sensacionalismo, mas de alertar sobre esse terrível problema para buscar as soluções mais adequadas.
Além disso, como já ficou constatado, começa a surgir cautela em relação ao noticiário referente a esses acontecimentos, devido ao possível efeito multiplicador.
Por incrível que possa aparecer, o grau de insanidade é tão alto que muitos desses jovens assassinos cometem esses crimes por exibicionismo e por quererem figurar em noticiários.
Por essa razão, vários veículos de comunicação no Brasil passaram a evitar a divulgação dos nomes dos autores desses atentados, exatamente para evitar esse efeito multiplicador.
Além de tudo o que já foi mencionado como medidas preventivas, pode-se ressaltar a importância de que as escolas implementem medidas de segurança adequadas, tais como sistemas de alarme, câmeras de vigilância, controle de acesso e treinamento de funcionários e alunos para lidar com situações de emergência.
Além disso, é essencial que as autoridades trabalhem para prevenir o acesso de armas de fogo a pessoas que apresentam risco de violência. A conscientização e a educação também são importantes, pois podem ajudar a identificar e a relatar comportamentos suspeitos ou preocupantes.
De qualquer maneira, reforçamos o nosso ponto de vista, de que o mais importante seria implementar ações que se referissem diretamente à formação de crianças e adolescentes saudáveis, combatendo de forma efetiva o chamado bullying, que é praticado – igualmente – por mentes doentias e recalcadas, visto que pessoas que se sentem felizes e vitoriosas não são capazes de cometer atos como esses.
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