Consumir bem significa, em primeiro lugar, não desperdiçar. Muito dessa discussão ideológica em relação à fome no mundo ficaria superado caso houvesse menos desperdício. Por isso, o tema consumismo e desperdício no mundo merece nossa atenção.
Pode parecer estranho que um site dedicado a vendas aborde temas como consumismo e desperdício no mundo.
Mas debater esse assunto tem tudo a ver. Isto porque, se as pessoas consumissem sem desperdiçar, o consumo estaria ao alcance de todos.
Isso significa, conforme já frisamos de início, que consumir bem não pode estar atrelado ao desperdício.
Isto porque, o que vai sobrar, sem nenhuma utilidade, em um determinado lar, pode faltar em outro.
Sem ranços ideológicos, não podemos ignorar a realidade de que o problema do mundo não é a falta de riqueza, mas sim a péssima distribuição da riqueza. Porque riqueza tem até demais.
Não caia na cantilena de nos chamar de comunista. Isso já se tornou cansativo e só engana os inconscientes, que, seguramente, não frequentam o nosso site.
Os inconscientes preferem espalhar fake news, divulgando mentiras que acarretam, sempre, mais atraso e mais desigualdades. E muito mais injustiças.
O que advogamos é que se pratique um capitalismo consciente, e não excludente.
Ou seja: que se algumas pessoas se sentem no direito de consumir luxo, todos têm o direito de consumir, ao menos, alimentos para manterem uma vida saudável.
Se você tem dinheiro para comprar um relógio estiloso, de boa qualidade, é um direito seu.
Mas, se compra comida em excesso para apodrecer na geladeira, está contribuindo para a fome no mundo. Que sempre excede todos os limites do suportável.
Segundo dados da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), entre um quarto e um terço dos alimentos produzidos no mundo, anualmente, para o consumo humano, se perde ou é desperdiçado.
Isso equivale a cerca de 1,300 bilhões de toneladas de alimentos, assim classificados: 30% dos cereais produzidos, entre 40 e 50% das raízes, frutas, hortaliças e sementes oleaginosas, 20% da carne e produtos lácteos, e 35% dos peixes.
Segundo, ainda, os dados da FAO, esses alimentos seriam suficientes para alimentar dois bilhões de pessoas.
Isso não é comunismo. É realidade. Uma realidade sem sentido que pode, perfeitamente, ser corrigida, se as pessoas refletirem sobre como lidar melhor com o consumismo e o desperdício no mundo.
O desperdício é, sem dúvida, como acentua a FAO, um dos grandes desafios pendentes para se alcançar a plenitude da segurança alimentar.
Assustadoramente presente no continente africano, a fome é um desafio do qual a América Latina e o Caribe também não estão livres.
Segundo esses dados, em torno de 6% das perdas mundiais de alimentos ocorrem na América Latina e no Caribe.
A cada ano a região perde e/ou desperdiça cerca de 15% dos alimentos disponíveis.
“As perdas e desperdícios – prossegue a FAO – têm grande impacto na sustentabilidade dos sistemas alimentares, reduzem a disponibilidade local e mundial de alimentos, geram menores recursos para os produtores e aumentam os preços para os consumidores.
Ou seja, todos saem perdendo: quem produz e quem consome.
Na esteira dessa irracionalidade, o desperdício tem um efeito negativo sobre o meio ambiente devido à utilização não sustentável dos recursos naturais.
“Por tudo isso, enfrentar essa problemática é fundamental para avançar na luta contra a fome e deve se converter em uma prioridade para os governos da América Latina e do Caribe”, acrescenta a FAO.
Só nessa região, contabilizando-se as perdas que ocorrem nos supermercados, feiras livres, armazéns e demais pontos de venda, seria possível alimentar mais de 30 milhões de pessoas. E isso representa 64% dos que sofrem com a fome na região.
Os dados da FAO são assustadores, também, em relação ao Brasil, com mais de 14 milhões de pessoas atingidas pelo flagelo da fome. O que é desperdiçado seria suficiente para satisfazer as necessidades nutricionais de 11 milhões de pessoas.
O cenário se mostra ainda mais dramático quando se observa que, em São Paulo, a maior e mais rica metrópole brasileira, verdadeiras multidões se espalham pelas ruas em busca de alimentos, dormindo embaixo de pontes.
É um panorama que estamos cansados de assistir no noticiário: multidões dormindo em cima de pedaços de papelão e que, no frio, não têm sequer um cobertor para se cobrirem.
Quem mais desperdiça e quem mais consome
Os dados indicam que os países que mais desperdiçam alimentos são os Estados Unidos, seguidos pela Austrália e Canadá. No entanto, em termos absolutos, a China é o país que mais desperdiça alimentos.
Já em relação ao consumo excessivo, os Estados Unidos também lideram, seguidos por países como Austrália, Canadá, Noruega e Suíça.
No que diz respeito ao Brasil, embora o país ainda tenha um longo caminho a percorrer em termos de sustentabilidade e redução do consumo excessivo, alguns estudos mostram que o desperdício de alimentos vem diminuindo.
O fato, no entanto, é que ainda há muita coisa a ser feita num país que está entre os maiores concentradores de renda do planeta.
Nessas ações incluem-se a redução do consumo excessivo e do desperdício de alimentos, bem como a adoção de práticas mais sustentáveis em diversas áreas, como a produção industrial, o transporte e o consumo de energia, entre outras.
O que fazer diante do consumismo e do desperdício no mundo
Existem diversas formas de conscientizar as pessoas sobre a necessidade de consumir de forma equilibrada e consciente, sem apelar para o consumismo exagerado. Algumas possíveis estratégias incluem:
- Educação e informação: é fundamental que as pessoas tenham acesso a informações claras e objetivas sobre os impactos do consumo excessivo e sobre alternativas mais sustentáveis. Isso pode ser feito por meio de campanhas educativas, palestras, workshops, cursos, materiais informativos, entre outros.
- Exemplos práticos: mostrar exemplos práticos de como é possível viver de forma mais simples e sustentável, sem abrir mão do conforto e da qualidade de vida, como forma eficaz de conscientizar as pessoas. Isso pode ser feito por meio de exemplos de pessoas que adotam estilos de vida mais simples e sustentáveis, de empresas que adotam práticas mais conscientes, entre outros.
- Estímulo ao compartilhamento e à economia colaborativa: incentivar o compartilhamento de recursos e a economia colaborativa pode ser uma forma eficaz de reduzir o consumo exagerado e estimular a consciência ecológica. Isso pode ser feito por meio de grupos de troca, cooperativas, redes de compartilhamento, entre outros.
- Valorização da qualidade em detrimento da quantidade: é importante valorizar a qualidade dos produtos e serviços em detrimento da quantidade, para evitar o consumo excessivo e estimular a conscientização ecológica. Isso pode ser feito por meio da valorização de produtos e serviços de alta qualidade, duráveis e sustentáveis, em detrimento de produtos descartáveis e de baixa qualidade.
- Engajamento em causas socioambientais: incentivar o engajamento em causas socioambientais pode ser uma forma eficaz de estimular a conscientização ecológica e reduzir o consumo exagerado. Isso pode ser feito por meio da participação em campanhas, movimentos, projetos e organizações que lutam por um mundo mais sustentável e justo.
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