A pergunta se tornou inevitável no mundo atual: ainda é seguro fazer turismo?

Afinal de contas, este é um dos setores econômicos mais impactados pelas condições globais, pois depende profundamente de fatores como segurança, estabilidade econômica e saúde ambiental.

 Como todos podemos perceber claramente, nos últimos anos o setor Turismo enfrenta uma série de desafios sem precedentes: o aumento dos conflitos geopolíticos, as mudanças climáticas intensas e imprevisíveis, a violência urbana crescente e a ameaça constante de atos terroristas.

Esses fenômenos, muitas vezes interligados, não apenas afetam a experiência e o comportamento dos turistas, mas também impactam o desenvolvimento econômico e social dos países que dependem dessa atividade.

Neste cenário, as dificuldades enfrentadas pelo turismo são complexas e multifacetadas, exigindo uma adaptação contínua.

Ainda assim, surgem perspectivas para um turismo mais sustentável e consciente, que, mesmo em meio a esses desafios, busca responder às novas demandas dos viajantes e às necessidades globais de preservação ambiental e segurança.

Ainda é seguro fazer turismo

Impacto dos conflitos geopolíticos

A instabilidade política e os conflitos armados em regiões antes turísticas criam um clima de insegurança que afasta viajantes.

Em casos extremos, países que outrora eram pontos turísticos de grande valor, como a Síria e o Iêmen, enfrentam agora a total impossibilidade de receber visitantes.

Mesmo em áreas menos afetadas, o medo de conflitos armados faz com que turistas repensem seus destinos, afetando o turismo em regiões próximas ou consideradas instáveis.

Esse clima de incerteza não só reduz o fluxo de visitantes, como também causa impactos econômicos profundos em países cuja economia é fortemente apoiada no turismo.

No Oriente Médio e em partes da África e da Europa Oriental, regiões com grande potencial turístico sofrem prejuízos com a diminuição do fluxo de viajantes, o que afeta toda a cadeia produtiva do turismo, desde a hospedagem até o comércio local e os serviços culturais.

Em resposta, alguns destinos e organizações de turismo apostam em estratégias de promoção para destacar suas zonas seguras e atrair visitantes, mesmo em períodos de tensão.

No entanto, a eficácia dessas iniciativas é limitada, já que o receio dos turistas quanto à segurança pessoal pode ser difícil de superar.

Para contornar esse obstáculo, políticas governamentais que incentivem a paz e a estabilidade são essenciais para revitalizar o setor turístico em regiões afetadas por conflitos.

Resta saber se isso é possível, diante dos múltiplos interesses bélicos e das injunções políticas nessas regiões e países.

Mudanças climáticas entre os desafios

As mudanças climáticas representam um dos maiores desafios para o turismo moderno, afetando o meio ambiente, as condições incertas do clima e até a estrutura física de destinos turísticos.

Desde o aumento do nível do mar até eventos climáticos extremos, como furacões, inundações e incêndios florestais, a variabilidade climática modifica paisagens e ecossistemas, comprometendo a sustentabilidade de locais turísticos.

Ilhas tropicais, praias e regiões alpinas enfrentam ameaças reais de desaparecimento ou de degradação, o que afeta diretamente a atratividade turística.

Um exemplo claro é o caso das Maldivas e de outros países insulares do Pacífico, que estão em risco de submersão devido à elevação do nível dos oceanos.

Além disso, regiões montanhosas, como os Alpes e os Andes, têm sofrido com a diminuição das neves e dos glaciares, o que compromete as atividades de inverno e gera impactos econômicos.

Esses fenômenos também causam uma percepção de insegurança, pois os turistas se tornam cada vez mais conscientes dos riscos de desastres naturais.

Em resposta, alguns destinos vêm adotando práticas de turismo sustentável, promovendo a conscientização ambiental e incentivando atividades que minimizem o impacto climático.

O ecoturismo e o turismo regenerativo ganham espaço, proporcionando aos viajantes experiências voltadas à preservação ambiental e ao desenvolvimento sustentável.

No entanto, apesar dessas iniciativas, o setor ainda enfrenta o desafio de equilibrar o desejo de exploração com a necessidade de conservação.

Alguns locais são perigosos

Violência urbana e medo do terrorismo

A violência urbana é uma realidade em diversas partes do mundo e um fator importante que impacta diretamente o turismo.

Em destinos como Brasil, México e África do Sul, que atraem milhões de visitantes anualmente, a violência urbana pode ser uma barreira.

Essa insegurança se traduz em uma preocupação constante para os turistas, que se veem diante do dilema de escolher destinos que sejam belos e atraentes, mas potencialmente perigosos.

Além da violência urbana, o terrorismo é outra ameaça que influencia o setor. Ataques a locais turísticos, como o atentado em Barcelona, em 2017, ou os ataques a hotéis no Egito, afetam profundamente a percepção de segurança dos viajantes.

O medo de atentados terroristas faz com que turistas evitem destinos ou eventos de grande visibilidade, como festas populares e eventos esportivos de grande porte.

Para contornar esses riscos, alguns destinos turísticos intensificaram as medidas de segurança, incluindo maior presença policial em áreas turísticas e implementação de tecnologias de vigilância.

O conceito de turismo seguro também ganha espaço, com agências e governos adotando práticas para proteger turistas e, assim, restaurar a confiança nos destinos.

Essa resposta, no entanto, é limitada pela percepção de risco, que é subjetiva e pode variar, significativamente, entre turistas.

Perspectivas para o futuro do Turismo

Apesar dos desafios, o setor turístico encontra perspectivas para se reinventar e se adaptar.

Seguem algumas das principais tendências e respostas do turismo frente a esse cenário:

Turismo Sustentável e Consciente: A demanda por turismo sustentável vem crescendo, com mais turistas buscando experiências que respeitem o meio ambiente e contribuam para as comunidades locais. Esse tipo de turismo é impulsionado pelo desejo de minimizar o impacto ambiental e ajudar no desenvolvimento socioeconômico das regiões visitadas. Esse movimento é impulsionado, em parte, pela conscientização sobre as mudanças climáticas e o impacto do turismo sobre o meio ambiente.

Turismo Local e Regional: Devido à instabilidade global, muitos turistas optam por explorar destinos locais ou regiões próximas. Esse movimento ajuda a reduzir a pegada de carbono e a minimizar o risco associado a viagens longas e complexas. Além disso, o turismo regional promove a economia local e pode ajudar a revitalizar áreas menos conhecidas, distribuindo o impacto econômico do turismo de forma mais equitativa.

Adoção de Tecnologias de Segurança: A tecnologia desempenha um papel crucial na proteção de turistas e na criação de ambientes seguros. Em destinos de alta popularidade, o uso de vigilância por câmeras e sistemas de alerta emergencial ajuda a monitorar e a reagir a incidentes de segurança em tempo real. A inteligência artificial (IA) também está sendo usada para prever e mitigar riscos em potencial, auxiliando na criação de rotas e horários mais seguros para os viajantes.

Flexibilidade nas Políticas de Cancelamento

O medo da violência e das catástrofes naturais fez com que muitos turistas busquem segurança nas políticas de cancelamento flexíveis.

Agências de viagens e hotéis que oferecem políticas de reembolso ou facilidade de remarcação ganham a preferência dos viajantes, que estão mais propensos a realizar reservas caso sintam que podem mudar seus planos sem prejuízo.

Turismo digital vale a pena?

A digitalização também abriu caminho para o turismo digital, onde os viajantes podem explorar destinos por meio de visitas virtuais e experiências online.

Essa modalidade oferece a oportunidade de conhecer lugares sem se expor a riscos físicos.

Embora o turismo digital ainda não substitua as experiências físicas, ele pode ser uma alternativa viável para aqueles que buscam minimizar os riscos de segurança.

No entanto, é preciso encarar a realidade: nem de longe chega a proporcionar o lazer representado pelo turismo presencial, o que deveria servir de alerta para governos que não investem em segurança e que permanecem em guerras que parecem não ter fim.

Necessidade de formação e capacitação em Segurança

Em um mundo onde o turismo enfrenta riscos crescentes, a capacitação de profissionais para lidar com situações de crise se torna essencial.

Destinos turísticos, especialmente em áreas de maior risco, estão treinando guias, seguranças e pessoal de apoio para responder a emergências e prestar assistência em caso de desastres.

Será que ainda é seguro fazer turismo ao redor do mundo

Desafios globais

O turismo, como um reflexo da sociedade, enfrenta hoje desafios globais que exigem resiliência, adaptação e inovação.

A necessidade de segurança, a ameaça das mudanças climáticas e o medo da violência urbana são fatores que transformam profundamente as escolhas e preferências dos turistas.

Em resposta, o setor tem procurado desenvolver soluções criativas e adotar práticas que não apenas garantam a segurança dos viajantes, mas também promovam um turismo mais consciente e sustentável.

Neste cenário, a cooperação entre governos, empresas e comunidades locais é essencial para que o turismo possa continuar a gerar desenvolvimento econômico e bem-estar social.

Um futuro promissor para o turismo dependerá de uma abordagem equilibrada, que valorize tanto a preservação do meio ambiente quanto a segurança das pessoas.

Embora os desafios sejam muitos, as perspectivas para um turismo adaptado e resiliente permanecem fortes, mostrando que é possível encontrar um caminho sustentável em um mundo cada vez mais incerto e complexo.

No caso do Brasil, já são mais do que evidentes os prejuízos decorrentes, especialmente, da violência urbana.

Embora o País também seja afetado por mudanças climáticas, que geraram uma catástrofe, recentemente, no Rio Grande do Sul, o fato é que as belezas naturais, a riqueza da culinária e a boa receptividade dos turistas por expressiva parte da população, são fatores que poderiam colocar o Brasil entre os líderes do setor.

Da mesma forma que Paris é considerada Cidade Luz, o Rio de Janeiro tem o apelido de Cidade Maravilhosa, mas a violência urbana tira o brilho e ofusca esse título e causa prejuízos ao Brasil e aos cariocas.

Em um mundo com tantas belezas e prazeres, falta aos governantes e líderes políticos de um modo geral a capacidade de entenderem que violência e guerras incessantes transformam o Planeta em algo que ele não deveria ser.

Que todos reflitam sobre isso.

Sobre o Autor

Gerson Menezes
Gerson Menezes

Gerson Menezes é escritor, jornalista aposentado com mais de 40 anos de atividade (especialmente nas áreas de Política, de Economia e de assessoria de Imprensa), empresário, ex-professor universitário, empreendedor digital e youtuber. (Mais informações no Menu do Rodapé)

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