Tanto as questões políticas quanto as econômicas tiveram um papel significativo em atrapalhar o crescimento do parque industrial brasileiro ao longo do tempo. De onde se originaram os problemas da industrialização do Brasil.
Historicamente falando, a industrialização do Brasil pode ser vista como tardia, tendo em vista que teve início um século após o surgimento das primeiras indústrias na Europa.
Falando no tempo presente, verifica-se, segundo os analistas, um processo de desindustrialização.
Ele se caracteriza pela diminuição da participação da indústria na economia nacional.
São tidos como obstáculos ao desenvolvimento da produção fatores de ordem burocrática, de infraestrutura e fiscal.
Conhecido como pais exportador de commodities agrícolas e minerais, tais como minério de ferro e soja, esses produtos impulsionaram as exportações e acabaram por superar a participação da indústria na pauta exportadora brasileira.
A era JK deu início ao processo desenvolvimentista
No ano de 1956 ocorre no Brasil o maior ingresso de empresas estrangeiras, principalmente multinacionais, com destaque para as montadoras de automóveis.
Tiveram início as políticas desenvolvimentistas implantadas durante o governo de Juscelino Kubitschek.
Até então, o que se via era apenas a circulação, no Brasil, de carros importados.
Sucedeu-se também o crescimento da malha rodoviária brasileira, do que resultou a maior conexão do território nacional.
Ao mesmo tempo, no entanto, verificou-se um progressivo aumento do endividamento externo.
Instabilidade política agravou os problemas da industrialização do Brasil
De acordo com dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI), a indústria de transformação corresponde à principal indústria brasileira.
Ela representaria pouco mais da metade do PIB do setor secundário. Destacam-se os setores automobilístico; metalurgia e siderurgia, setor petroquímico, de papel e celulose, e setor alimentício.
A instabilidade política do país foi, como frisamos, um fator que prejudicou o desenvolvimento da indústria.
O Brasil passou por diversos períodos de instabilidade política, como ditaduras militares e governos corruptos, que, muitas vezes, interferiram negativamente nas políticas públicas voltadas para a indústria e geraram incertezas para investidores nacionais e estrangeiros.
Além disso, a falta de continuidade das políticas públicas em função das mudanças frequentes de governo também foi um obstáculo para o crescimento da indústria.
No âmbito econômico, a dependência de insumos e tecnologia importados e a falta de investimentos em inovação, pesquisa e desenvolvimento também foram fatores que limitaram o crescimento da indústria brasileira.
Essa dependência muitas vezes gerou problemas como a vulnerabilidade a flutuações cambiais e a concorrência internacional.
Além disso, a falta de investimento em infraestrutura, como estradas, ferrovias e portos, também foi uma barreira para o desenvolvimento do parque industrial brasileiro.
Falta de uma política industrial de longo prazo também acarretou problemas
Outro fator que prejudicou o crescimento da indústria brasileira foi a falta de uma política industrial consistente e de longo prazo, com objetivos claros e investimentos direcionados a setores estratégicos.
Em síntese, a instabilidade política e a falta de continuidade das políticas públicas muitas vezes geraram um cenário de incerteza para os empresários. E isso dificultou a tomada de decisões sobre investimento de longo prazo.
Para superar tais barreiras, é indispensável que o país passe a adotar, efetivamente, políticas públicas consistentes e de longo prazo, que promovam a estabilidade política e econômica.
Isso incentivaria a inovação e a pesquisa e desenvolvimento. E estimularia o investimento em infraestrutura e em setores estratégicos para a economia.
Industrialização envolve etapas de alta complexidade
A industrialização é um processo complexo, que envolve diversas etapas, como a produção de bens manufaturados, a criação de infraestrutura para transporte e comunicação, a formação de uma mão de obra qualificada e a consolidação de um mercado consumidor interno e externo.
Em resumo, comparado a outros países, o processo de industrialização no Brasil mostrou-se mais demorado do que seria o razoável, tendo em vista o enorme potencial do país.
Enquanto Reino Unido e Estados Unidos, por exemplo, passavam por um processo de industrialização intenso durante o século XIX, o Brasil ainda mantinha o seu perfil de país agrário, com uma economia baseada na produção de café, açúcar e outros produtos primários.
Mesmo assim, o Brasil apresentou uma vantagem em relação a outros países em desenvolvimento, como os africanos e os asiáticos, que foram colonizados e explorados por países europeus durante séculos.
O Brasil, por sua vez, alcançou uma independência pacífica em relação a Portugal. E isso permitiu que o país tivesse mais autonomia na sua economia e política.
Seria um dado positivo, caso os desvios já mencionados na esfera política não tivessem contribuído para complicar a situação.
Falta muito para que os problemas da industrialização do Brasil sejam equacionados
O processo de industrialização do Brasil também enfrentou desafios, como a falta de mão de obra qualificada e a dependência de tecnologia e insumos importados.
Some-se a isso a já mencionada instabilidade política e econômica do país, com frequentes crises e mudanças de governo.
Outro fator que dificultou esse processo de industrialização em nosso país foi a concentração de renda e a desigualdade social.
Enquanto a elite econômica se beneficiou, nitidamente, do desenvolvimento da indústria, a grande maioria da população continuou (e isso se mantém até hoje) vivendo em condições precárias, sem acesso a bens indispensáveis, como educação, saúde e moradia digna.
O fato incontestável é que ainda há muito a ser feito para superar as desigualdades e transformar o Brasil em uma economia mais diversificada e competitiva.
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