Não resta dúvida de que todas as pessoas têm o direito de ter sua religião. E também é razoável reconhecer que o prazer é um direito de qualquer pessoa. Mas vamos falar hoje sobre as religiões e o direito ao prazer que algumas religiões querem tirar dos chamados fiéis.
Não se trata de nenhuma campanha a favor do ateísmo ou de desprezo a credos de qualquer natureza.
Mas apenas de analisar, com equilíbrio, a questão das religiões e do direito ao prazer como fonte de alegria e felicidade.
De início, vale frisar que somos completamente contrários tanto à imposição de religiões como a represálias contra religiões que se consideram adversárias entre si.
São episódios que acontecem com certa frequência, de ataques a templos que cultuam credos de origem africana. E que deveriam ser devidamente apurados para aplicação rigorosa da lei contra intolerância religiosa.
A questão não se resume a prazeres que privilegiam somente os valores materiais. Também não estamos falando aqui em prazer a qualquer custo, ao consumo de drogas e a atos de promiscuidade que façam mal à própria pessoa e às pessoas que a rodeiam.
O que torna algumas religiões repressoras é a negação do prazer e o culto ao sofrimento, com autoflagelação e práticas inconcebíveis de sufocação do direito – inclusive – ao prazer sexual.
Encarar o sexo como restrito à procriação é invenção de religiões repressoras, que vão contra a própria natureza do ser humano.
Essas mesmas religiões atribuem tudo a Deus. Por coerência, têm que incluir entre as criações divinas a natureza, que faz brotar o desejo sexual nos chamados animais irracionais – nestes sim – apenas nos períodos de procriação.
É o chamado cio, em que machos e fêmeas se acasalam para garantir que a espécie sobreviva.
Homens e mulheres sentem desejo sexual independentemente da necessidade de procriação.
E sufocá-lo ou – pior ainda – auto reprimir-se é que leva a desvios pelos quais a própria Igreja vem pagando um alto preço, com seguidos escândalos de repercussão internacional.
Praticar sexo só é pecado na mente desses que escondem tais escândalos para se proclamarem defensores de uma moralidade que eles não sustentam pelos seus próprios atos.
Como se não bastasse, há religiões que reprimem até mesmo o ato de dançar, como se a alegria e a energia proporcionada pela dança não fossem uma forma de alimentar a vitalidade.
Repressão e sufocamento do prazer podem causar depressão
O prazer produz endorfina no cérebro, ou seja, o hormônio que evita males como a depressão, uma das piores doenças da humanidade, e grande causa de suicídios no mundo todo.
O prazer carnal que tem que ser combatido é aquele obtido em troca do sofrimento do outro, como o estupro ou as chamadas relações não consentidas mutuamente.
A noção de pecado é usada para gerar dependência e fazer rodar a máquina das religiões, que – mostram seguidas evidências – enganam e exploram os que as seguem sem questionamento.
O pecado é uma forma de existir o perdão. Mas, para buscar o perdão, é preciso ter cometido o pecado. E a roda gira incessantemente.
Você conhece uma pessoa que se sente intensamente feliz e realizada, alegre e plena, e que vive em busca de uma igreja para rezar?
Pode ser até que exista, mas é muito raro.
Há pessoas que gostam de frequentar religiões, e isso não tem nada de condenável.
É uma questão de opção que tem que ser respeitada.
Mas o que acontece com mais frequência é o religioso que reza pedindo perdão, que se acha um eterno pecador e um dependente de um deus – seja ele qual for – para se sentir amparado.
Países felizes não se importam com religião e valorizam o direito ao prazer
É interessante notar que há uma tendência comprovada de que os países mais felizes tendem a dar menos importância às religiões.
Um estudo de 2018 da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, analisou a relação entre a religiosidade e a felicidade em 26 países.
A conclusão foi de que, em geral, os países menos religiosos tendiam a ter níveis mais altos de felicidade.
Alguns exemplos de países menos religiosos e com níveis mais altos de felicidade incluem Dinamarca, Suécia e Finlândia.
E a Finlândia vem sendo considerada o país mais feliz do mundo há seis anos consecutivos, segundo o mais recente Relatório Global sobre Felicidade.
De qualquer modo, é importante notar que a correlação entre felicidade e religiosidade pode não ser vista como resultado de causa e efeito.
Mas também é preciso reconhecer que muitos fatores, como a estabilidade política e econômica, a segurança social, a educação e a saúde, também podem influenciar a felicidade de um país.
E são exatamente esses países, cuja população demonstra altos níveis de felicidade, que possuem tudo isso, muito mais acessível a toda a população.
Enquanto isso, nos países com imensa desigualdade social e alto índice de violência e de infelicidade, impera o fanatismo religioso, que contamina a política. Cada vez com maior intensidade.
A pergunta é: os países cuja população se se sente feliz atingiram esse nível de satisfação e de felicidade porque não ligam para religião?
Ou não ligam para religião porque atingiram esses altos níveis de felicidade?
A questão não está em ir para as igrejas e templos para procurar a resposta.
E sim em encarar a realidade com racionalidade.
O que não é uma simples rima.
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