Apesar de algumas reclamações, a tecnologia torna a vida mais fácil. Quem reclama é quem não sabe usá-la, inclusive para escapar dos golpes, que certamente são muito numerosos. Mas as surpresas na velocidade das tecnologias podem facilitar, porque o ritmo das soluções também é bastante acelerado.
Temos amigos no exterior com quem falamos como se eles estivessem na casa ao lado. Isso também depende, é lógico, da qualidade da operadora. Essas, sim, parecem não acompanhar, em qualidade, as gratas surpresas na velocidade das tecnologias, pois no Brasil essas operadoras estão muito aquém do desejado.
Surpresas na velocidade das tecnologias que tornam a vida fácil
Quem já não é tão jovem (em termos de idade) sabe bem como era: enciclopédias enormes e muito caras, com pessoas batendo à nossa porta para oferecer dezenas de opções, que ficavam desatualizadas em pouco tempo.
Afinal de contas, por menos que queiram os chamados conservadores, o mundo se transforma. E algo de que ninguém pode reclamar é da velocidade do meio digital.
A comida podia ser até mais sadia, mas era mais complicada: nada de ir ao mercado e escolher tudo com facilidade.
Para comer um frango, era preciso comprar e matar. Um horror. E carne bovina era no açougue, ou então matar o boi, caso morasse em fazenda.
Telefone? Nem pensar se o assunto é vida fácil. Poucos podiam comprar, devido ao preço. Quem quisesse uma linha doméstica tinha que aguardar na fila.
Mais antigamente ainda, se quisesse fazer um interurbano, era preciso pedir para a telefonista. E o mais provável era aguardar o dia inteiro, ou até mais, para conseguir a ligação. Ainda bem que essa época nós daqui do site não pegamos (risos).
Celular? Nem se pensava que um dia poderia existir. E quando começaram a surgir os primeiros (enormes) quem conseguia comprar fazia questão de mostrar para todo mundo e falar no aparelho a toda hora. Era a turma que acabou sendo apelidada de bundões.
A chegada de novas tecnologias sempre traz histórias engraçadas e curiosas, especialmente quando as pessoas estão se adaptando a elas. Aqui vão algumas clássicas:
A impressora revoltada
Nos anos 90, as impressoras começaram a se popularizar, mas elas eram notoriamente complicadas de usar.
O dono de um pequeno escritório, frustrado com constantes travamentos e erros de impressão, acabou perdendo a paciência.
Ele tentou de tudo para consertá-la: mexeu nos cabos, reiniciou o computador, conferiu os cartuchos… sem sucesso.
Em um momento de desespero, levantou-se, pegou a impressora e a jogou pela janela do segundo andar.
Depois de ver a impressora espatifada no chão, ele suspirou, aliviado, e exclamou: “Finalmente ela aprendeu quem é que manda aqui!”.
O primeiro contato com o computador
Uma história clássica é a de uma secretária que recebeu o primeiro computador no escritório.
Naquela época, os monitores eram grandes e pesados, e poucas pessoas tinham experiência com informática.
Ao ser apresentada ao novo equipamento, disseram a ela: “Esse é o novo computador. Pode começar a trabalhar com ele”.
Após um tempo, perceberam que a secretária estava com dificuldade. O motivo? Ela havia colocado uma folha de papel na tela e estava tentando escrever com uma caneta, achando que o monitor funcionava como uma máquina de escrever eletrônica.
O suporte sofria. Essa ouvimos de um técnico da época. A mulher ligou e reclamou que o monitor não estava ligando. O técnico foi dando as instruções e nada funcionava. Até que ele se deu conta e perguntou: mas o computador está ligado na tomada.
Não estava. E a mulher ainda perguntou: “precisava?”.
Quando ele sugeriu que a mulher colocasse uma senha, ela não teve dúvida; a senha de cinco dígitos era: senha.
O VHS que rebobinava sozinho
Com a chegada dos videocassetes, muitas pessoas tiveram dificuldade de entender como funcionava o processo de rebobinar as fitas VHS.
Havia a história de um senhor que, para não gastar o motor do videocassete rebobinando as fitas, preferia fazer isso manualmente.
Ele colocava o dedo no carretel e girava a fita para rebobinar. Quando os primeiros rebobinadores automáticos de fitas surgiram, ele ficou encantado. Mas, ainda assim, por um bom tempo, ele dizia para os amigos: “Minha fita se rebobina sozinha!”.
Na verdade, ele comprou um aparelho para rebobinar, mas preferia contar a história como se fosse mágica.
O e-mail impresso
No início da popularização da internet, muita gente não entendia bem como funcionava o e-mail.
Uma história curiosa é de um chefe que pediu para a secretária imprimir todos os e-mails que ele recebesse.
Certa vez, ele respondeu ao e-mail de um cliente, dizendo que a proposta estava aprovada, mas pediu para a secretária imprimir o e-mail de resposta também.
Sem entender, ela imprimiu o e-mail, mas o chefe ficou impaciente e gritou: “Não é isso! Eu quero que você envie o e-mail impresso de volta para o cliente!”.
Ele acreditava que a impressão seria enviada pela internet, como um fax digital.
O GPS gênio
Quando os primeiros sistemas de GPS surgiram, muitas pessoas ficavam fascinadas com a voz que sabia o caminho.
Um motorista, que não tinha muita experiência com o aparelho, estava tão impressionado que resolveu testar os limites da tecnologia.
Ele seguia as instruções do GPS cegamente, até que a voz sugeriu um caminho que claramente levava a um barranco.
Em vez de parar, ele simplesmente disse: “Se você acha que dá, eu confio!”, e começou a descer o barranco, danificando o carro.
Depois, quando foi explicar o acidente, ele insistia que a culpa era do gênio dentro do GPS.
Essas histórias mostram como as novidades tecnológicas sempre trazem desafios e situações cômicas, à medida que as pessoas tentam entender e usar as inovações de maneiras, digamos, criativas!
O bundão que ostentava celulares
A propósito, o celular merece um capítulo à parte.
O apelido bundão realmente existia e tinha tudo a ver com o tamanho e o modo como os primeiros celulares eram transportados.
Os primeiros usuários, que ainda eram raríssimos, empinavam a bunda, ostentando o que seria uma posição social privilegiada.
Além disso, os aparelhos da época, que hoje são apelidados de tijolões, eram grandes, pesados e bem volumosos, nada práticos de carregar no bolso da calça.
Então, muitas pessoas começaram a usar aqueles cases de couro com presilhas para prender o celular na cintura.
O problema era que, por serem muito grandes, esses aparelhos ficavam com a metade superior do corpo do celular para fora e a outra metade para dentro da calça, geralmente bem acima do quadril.
Quando a pessoa andava, isso criava a impressão de que tinha algo extra na região traseira, daí a expressão bundão.
Era uma forma maliciosamente bem humorada de comentar a aparência curiosa de quem carregava esses celulares.
Além disso, a presilha também era vista como uma tentativa de ostentação, já que andar com o celular bem visível na cintura era uma maneira de mostrar que a pessoa tinha um desses aparelhos caros e cobiçados.
Então, o apelido bundão pegou, ironizando essa mania de ostentar o telefone de uma forma tão exibicionista.
Nos anos 90, quando os primeiros celulares começaram a se popularizar no Brasil, ter um desses aparelhos ainda era símbolo de status.
As pessoas faziam de tudo para exibir seus telefones, que ainda eram grandes e pesados, com antenas enormes.
Uma história engraçada desse tempo é a do famoso tijolão e as conversas fingidas.
Era comum ver pessoas fingindo que estavam em chamadas, apenas para mostrar que tinham um celular.
Como as ligações eram caríssimas e muitas vezes os minutos eram limitados, o truque era conversar ao vento.
A cena clássica acontecia em restaurantes e shoppings: o sujeito pegava o celular, colocava no ouvido e começava uma conversa animada, falando alto para todo mundo ouvir, coisas como:
— Oi, chefe, pode deixar que eu fecho o negócio de um milhão de dólares, sim!
Muitos, na verdade, nem tinham crédito ou sinal no celular, mas o importante era parecer importante.
Houve até casos de gente com celulares antigos, que nem estavam mais ativos, mas que ainda assim os usavam para impressionar.
As pessoas ao redor ficavam boquiabertas, achando que aquele era alguém realmente poderoso.
Outro episódio comum era o de segurar o celular como se fosse um troféu.
Mesmo que a pessoa não tivesse necessidade de usar, deixava o aparelho estrategicamente sobre a mesa, sempre à vista, ou fazia questão de atender ligações inexistentes com um sonoro:
“Alô? Estou ocupado agora, ligo depois!” E então desligava o celular… que na verdade nunca tinha tocado.
Essas histórias mostram como, na época, o celular não era apenas um instrumento de comunicação, mas um verdadeiro acessório de ostentação.
Hoje, no Brasil, tem mais celular do que gente… sem nenhuma dupla conotação para o termo gente.
Primeiros gravadores de rolo
O surgimento dos gravadores domésticos com grandes rolos é um marco na história do áudio, e a evolução dessa tecnologia é bastante interessante.
Nos anos 50 e 60, os gravadores de rolo (também conhecidos como gravadores de fita ou reel-to-reel) eram o que havia de mais moderno para gravação de áudio em casa.
Eles consistiam em duas bobinas grandes, que carregavam a fita magnética, passando por cabeçotes que registravam ou reproduziam o som.
Esses gravadores eram caros, volumosos e complexos de operar, mas ofereciam qualidade de som superior para a época.
Usos e ostentação
Ter um gravador de rolo em casa era um símbolo de status, parecido com o que aconteceu depois com os primeiros aparelhos de videocassete.
As pessoas gravavam programas de rádio, faziam mixtapes e registravam músicas, sempre com uma certa solenidade.
Como a operação envolvia passar a fita pelas cabeças de leitura e ajustar a tensão das bobinas, dava a impressão de ser algo quase científico.
As fitas cassete: a revolução da portabilidade
Nos anos 70, a tecnologia evoluiu para fitas menores: as fitas cassete.
Embora a qualidade fosse inferior à dos gravadores de rolo, a praticidade venceu.
Com o tempo, surgiram os gravadores portáteis e, depois, os famosos boomboxes e os aparelhos de som para carros.
O impacto foi enorme. Os cassetes se tornaram o principal meio de gravação e reprodução de áudio doméstico.
Gravar mixtapes, músicas do rádio e até mensagens de voz para amigos ou familiares se tornou uma prática comum.
E aí veio outro fenômeno: o Walkman da Sony, que trouxe a música para a vida cotidiana, tornando possível ouvir som em qualquer lugar.
Curiosidades e histórias
Com os gravadores de rolo, era comum o medo de que a fita enroscasse nos cabeçotes, o que causava uma tremenda frustração.
E, como as fitas cassete eram regraváveis, muitos acabavam gravando por cima de músicas ou mensagens importantes, gerando cenas cômicas e desentendimentos, principalmente quando alguém sem querer apagava a fita onde estava gravada a voz do bebê ou um momento especial.
O impacto do VHS e do DVD no áudio
A popularização do videocassete nos anos 80 trouxe outra evolução para a gravação doméstica.
Muitos começaram a usar fitas de vídeo para gravar shows e apresentações musicais, aproveitando a longa duração das fitas.
Mais tarde, o DVD permitiu qualidade de som digital e arquivamento de músicas e vídeos com maior durabilidade.
O final de uma era e o renascimento do vinil
Com a chegada do CD e, posteriormente, do MP3 e das plataformas de streaming, os gravadores de rolo e as fitas cassete ficaram obsoletos.
Porém, ironicamente, houve um renascimento da paixão pelos equipamentos analógicos, incluindo gravadores de rolo e fitas cassete, entre os audiófilos e músicos.
Hoje, muitos veem essas tecnologias com nostalgia, e os gravadores de rolo, antes considerados antiquados, se tornaram itens de colecionador.
Alguns músicos ainda utilizam esses equipamentos para gravar, buscando o som quente e a autenticidade que as tecnologias digitais não conseguem replicar.
Essa evolução mostra como as inovações tecnológicas no campo do áudio transformaram não apenas a maneira como ouvimos música, mas também a cultura e o comportamento das pessoas, gerando histórias e memórias que ainda ressoam hoje.
A inteligência artificial e a burrice natural
Com tanta coisa mudando e tanto progresso surgindo de forma avassaladoramente rápida, seria esperado que a Inteligência Artificial substituísse a burrice natural.
Não, não estamos falando das pessoas que não têm acesso até hoje a escolas e a um nível decente de vida em tantas partes do mundo.
Então, é bom que se faça a distinção entre ignorância e burrice.
Ignorância é não saber, é ignorar. E burrice é não querer aprender.
E muitos dos que não querem aprender são exatamente os mais letrados, que se tornam os verdadeiros bundões do tempo presente.
Em vez de aprenderem a agir civilizadamente, esnobam. Em vez de se comportarem bem, humilham.
E conservam conceitos tão antigos quanto esse passado que relembramos há pouco, mostrando-se racistas, preconceituosos, violentos e de caráter duvidoso.
A tecnologia e a mania de mentir para ostentar
Para desanuviar o ambiente, existe uma história curiosa sobre o advogado iniciante que havia acabado de montar seu escritório.
Quando aparecia um pretenso cliente, ele fingia que estava ao telefone, e falava bem alto:
– Sim, eu compreendo sua pressa, mas vamos atendê-lo sempre da forma mais ágil possível. Estou com muito serviço, mas vou abrir uma vaga para você.
Como todo novato, ele queria ser mais competente do que realmente era. E suas conversas (falsas) eram sempre carregadas de frases e expressões que, supostamente, impressionariam os clientes em potencial.
Logo no segundo dia entrou em seu escritório um homem simples e o advogado novato estava, como sempre, ao telefone, falando sobre suas qualidades como advogado.
Demorou muito em seu exibicionismo e finalmente parou de atender ao suposto interessado que estaria ao telefone.
– Pois não, o que deseja? – indagou ao aparente interessado em seus serviços jurídicos.
Ao que o homem respondeu:
– Eu sou o técnico. Vim instalar seu telefone…
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