O poder público no Brasil parece ter dificuldade de entender que alguns aparentes gastos são, na verdade, investimentos que podem gerar economia. Ou mesmo lucro. E uma prova disso (entre muitas) é que a falta de estrutura prejudica turismo no Brasil há décadas e, somente agora, alguma providência pode vir a ser tomada.
Há correntes aparentemente obtusas que até rejeitam que se considere gasto como investimento.
Isso tem se tornado bem visível no atual debate político, quando alguma autoridade afirma que agir contra a pobreza é investimento.
Dois setores flagrantemente afetados são Educação e Saúde.
O ensino público tem sido historicamente abandonado pelos governos que se sucedem.
O resultado pernicioso disso é inevitável.
Sem ensino público de qualidade, o Brasil carece de mão de obra qualificada suficiente para atender às exigências de um mundo cada vez mais competitivo.
Sem assistência à saúde, os gastos com atendimento à população doente acabam se avolumando, do que resulta prejuízo para os cofres públicos.
Mesmo as classes mais abastadas acabam sentindo o impacto disso.
Os preços nos planos de saúde são cada vez mais impraticáveis e os hospitais públicos estão, invariavelmente, repletos de pessoas em busca de atendimento, devido ao desleixo com a medicina preventiva.
Mas aqui falamos de turismo, cujas dificuldades já têm sido abordadas em nossos artigos.
Agora surge no noticiário mais uma prova daquilo que temos sustentado em nosso site.
Segundo o portal de notícias Brasil ao Minuto, os parques naturais padecem com a falta de água, de banheiros e de estrutura adequada para os turistas.
O noticiário da Folhapress aponta que 58% das unidades não possuem estrutura de apoio à visitação, ou essa estrutura é precária e não atende às necessidades básicas.
E mesmo entre os parques onde há estrutura de apoio, 29% dos gestores consideram a manutenção inadequada.
A consequência disso é evidente: “A falta de infraestrutura básica é uma barreira para que turistas visitem parques naturais em todo o país, segundo pesquisa do Instituto Semeia”.
A pesquisa foi feita com gestores e técnicos responsáveis por 371 das 508 áreas (73%) registradas no Cadastro Nacional de Unidades de Conservação, sob administração de municípios, estados ou da União.
A falta de banheiros – constata o levantamento – é um problema em 46% dos parques e a ausência de bebedouros prejudica 56% deles.
Fica impossível imaginar que um turista que deseje fazer um passeio ecológico se disponha a fazer suas necessidades fisiológicas no meio do mato.
Isso é óbvio demais. Porém, no Brasil, mesmo o óbvio ululante, como dizia o escritor e dramaturgo Nélson Rodrigues, continua sendo teimosamente ignorado.
Outro vício no Brasil é achar que tudo tem que ser oferecido gratuitamente para os turistas.
Quem viaja ao exterior sabe que há taxas para passeios, para visitar museus e para usar sanitários.
Por mais acessíveis que elas sejam, dá para cobrir os custos. E podem representar lucro adicional para o setor turismo, pois quanto maior o fluxo de turistas, maior a arrecadação.
No Brasil pratica-se o mau capitalismo.
Os pobres pagam mais impostos que os ricos. E os autodenominados capitalistas não aceitam concorrência.
Já houve mandatário criticando as taxas cobradas para visitar a ilha de Fernando de Noronha, que exige muita verba para ser mantida de maneira a atender bem os endinheirados que a frequentam.
Já está mais do que evidente que a falta de estrutura prejudica o turismo no Brasil. E ainda há quem não compreenda a necessidade dessa estrutura para um destino cobiçado como a ilha de Fernando de Noronha (foto acima).
Enquanto o Brasil não puder contar com governantes e congressistas que, em sua maioria, não pensem apenas em seus interesses pessoais, reeleitos por votantes despreparados, o Brasil continuará levando prejuízo em setores que poderiam resultar em muito lucro.
O fato de esse levantamento quanto aos problemas de estrutura estar sendo feito pode, finalmente, abrir novas perspectivas.
As empresas ligadas ao ramo de turismo devem se juntar a essas iniciativas para, afinal, viabilizar que um país com o potencial do Brasil alcance o sucesso merecido nesse segmento econômico de grande relevância.
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