Diante de tanta febre em torno das badaladas plataformas de IA, fizemos alguns testes cujos resultados nos levaram a indagar se a Inteligência Artificial elimina a burrice natural.
O primeiro teste foi intencionalmente desafiador.
Porque haveria, supostamente, a possibilidade de se escrever até mesmo um livro inteiro valendo-se dessas plataformas.
E minha maior surpresa foi a de que elas se revelaram extremamente falso-moralistas e conservadores.
Esse primeiro teste foi com uma das que tem tido grande repercussão, transformando-se no tema de muitos vídeos nos canais no YouTube.
Não fui tão exigente, pois jamais eu escreveria um livro valendo-me da IA.
Isso seria, a nosso ver, confissão de incompetência, inabilidade e, além disso, desrespeito por uma atividade tão nobre.
Afinal, de que adiantaria alguém se tornar um escritor artificial sem os devidos méritos?
Seria o caso de a Academia Sueca inventar o IA Nobel para diferi-lo daquele bem merecido por gênios como GG Marquez e tantos outros?
IA conservadora, falso-moralista e burra?
Tenho que admitir que fiz o desafio encaminhando meu pedido à versão gratuita de uma dessas plataformas.
E tenho que confessar que seria possível (bom… talvez) que o resultado fosse diferente se tivesse recorrido à versão paga, muito mais sofisticada.
Mas não me aventurei em pedir um livro, mas apenas as primeiras linhas do que seria um primeiro capítulo.
Sugeri que a IA me apresentasse o início de um enredo que incluísse três casais em permanente conflito, envolvidos com drogas, escândalos sexuais e todo tipo daquilo que a sociedade pudesse classificar como ilicitude.
A resposta foi a de que a plataforma não se dispõe a incentivar atos dessa natureza.
O que? Quem falou em incentivar?
Nem é preciso ir muito adiante sobre tal caso.
Limitei-me a enviar de volta um recadinho, esclarecendo ao nobre robô que a simples ambientação de um cenário não significa defendê-lo. E menos ainda incentivá-lo.
Ao contrário disso, poderia servir como pano de fundo para combatê-lo.
Aff! (desolado)
A segunda experiência, igualmente chocante, foi com outra plataforma.
Com atividade assídua na internet, não me atrevo a identificar tais plataformas nominalmente.
E me pergunto se a proliferação de robôs, que, segundo os cientistas, poderão se tornar autônomos, poderia estar me transformando num paranoico.
Estaria eu, por acaso, ficando amedrontado com a possibilidade de ser perseguido por um exército de máquinas insatisfeitas querendo me eliminar?
Inteligência artificial, sensualidade e a burrice natural dos terráqueos
Nessa segunda experiência me reportei a uma plataforma que estava sendo elogiada como capaz de construir imagens incríveis.
Bastaria, segundo o vídeo que eu acabara de assistir, escrever uma frase descrevendo a imagem a ser criada.
Pedi a imagem de uma mulher belíssima e sensual.
O resultado foi ainda mais surpreendente, e não era uma paranoia: fui realmente ameaçado (risos).
A plataforma não apenas se recusou a apresentar o desenho, como me advertiu de que, se eu fizesse de novo um pedido similar, poderia ser banido, definitivamente, de ambiente tão repleto de pudores.
No final das contas, tive que concordar, sem a ajuda de robôs, que um ambiente pretensamente inteligente que confunde sensualidade com (no mínimo) pornografia não merece, de fato, a minha participação.
Não sou um sujeito com muita familiaridade com religiões. Mas minha mente, que ainda não está (pelo menos espero) robotizada, de forma autônoma emitiu um pensamento instantâneo: Meu Deus!!! A IA está confundindo sensualidade com imoralidade…
Não é preciso mais perguntar. Já se torna possível tirar o ponto de interrogação e, assim, tornar a frase irresistivelmente conclusiva: a Inteligência artificial não elimina a burrice natural.
E concluir, desolado: se os robôs vierem a se tornar, de fato, autônomos, corremos o risco de que eles se tornem ainda mais perigosos do que os terráqueos, que batizamos de seres humanos.
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